A “morte” da laparoscopia? Reflexões sobre o futuro da cirurgia minimamente invasiva
Um artigo recente publicado no Surgical Endoscopy (2024) trouxe um título provocativo: The Death of Laparoscopy. A análise de mais de 360 mil pacientes do banco ACS-NSQIP mostrou que a cirurgia robótica está crescendo rapidamente nos Estados Unidos e, em alguns procedimentos, já ultrapassou a laparoscopia. Segundo as projeções, até 2025 a robótica será a técnica predominante em colectomias, proctectomias, pancreatectomias e esofagectomias.
Apesar dos números impressionantes, é importante olhar com senso crítico. O artigo não discute custo-efetividade, acesso desigual entre países ou o peso da indústria no avanço da robótica. Além disso, a laparoscopia ainda é padrão em diversas cirurgias e, em muitos contextos, continuará sendo a melhor opção disponível.
O estudo reforça a necessidade de adaptação nos programas de formação cirúrgica, que devem incluir treinamento robusto em cirurgia robótica sem abandonar os princípios fundamentais da laparoscopia e da cirurgia aberta. Mais do que decretar a “morte” da laparoscopia, o cenário aponta para um futuro híbrido, no qual a escolha da técnica deve equilibrar evidência científica, custo, disponibilidade tecnológica e segurança do paciente.