×

Precisa mesmo reduzir o PVC na cirurgia hepática minimamente invasiva?

 Durante décadas, cirurgiões hepáticos aprenderam que manter a pressão venosa central (PVC) baixa era fundamental para reduzir o sangramento durante a ressecção do fígado. Esse conceito, vindo da cirurgia aberta, foi incorporado às rotinas anestésicas no mundo todo.

 

 

Mas o PRESSURE Trial, estudo publicado em 2025, trouxe uma surpresa: em ressecções hepáticas laparoscópicas e robóticas, a redução do PVC para ≤5 mmHg não diminuiu a perda sanguínea. Na verdade, os pacientes que não tiveram PVC reduzido apresentaram resultados semelhantes em termos de sangramento e complicações pós-operatórias — e ainda tiveram menos instabilidade hemodinâmica e menor necessidade de drogas vasoativas.

 

Isso sugere que, nas cirurgias minimamente invasivas, outros fatores já atuam fortemente no controle do sangramento, como:

 

  • Pneumoperitônio elevado (15–18 mmHg),
  • Posição em Trendelenburg reverso,
  • Manobra de Pringle intermitente.

 

 

Em resumo: o estudo desafia um dogma da cirurgia hepática. Talvez, no cenário da cirurgia minimamente invasiva, reduzir agressivamente a PVC não seja mais necessário — e até possa trazer riscos adicionais.

 

Ainda faltam estudos multicêntricos para confirmar esses achados, mas o recado é claro: a prática evolui, e aquilo que era regra absoluta na cirurgia aberta pode não se aplicar da mesma forma na era da robótica e da laparoscopia.