Robótica em Cirurgia Oncológica: Evidência sólida a favor da tecnologia
Estudo global mostra que a cirurgia robótica oferece melhores resultados perioperatórios em comparação com a laparoscopia e a cirurgia aberta em procedimentos oncológicos complexos.
Acaba de ser publicado no Annals of Surgery (maio de 2025) o COMPARE Study, uma das mais amplas meta-análises já feitas sobre cirurgia oncológica minimamente invasiva. Foram analisados mais de 3,9 milhões de casos em 230 estudos de 22 países, envolvendo sete tipos de procedimentos oncológicos complexos, como prostatectomia, colectomia, nefrectomia parcial, histerectomia e lobectomia pulmonar.
O objetivo foi comparar os desfechos em 30 dias de pacientes operados por três vias cirúrgicas:
Cirurgia robótica assistida pelo sistema da Vinci (dV-RAS)
Laparoscopia ou toracoscopia (lap/VATS)
Cirurgia aberta
Principais resultados da cirurgia robótica (dV-RAS):
Menor taxa de conversão para cirurgia aberta em comparação com laparoscopia (OR: 0,44)
Redução significativa na perda sanguínea em relação à cirurgia aberta (-293 mL)
Menor necessidade de transfusões, tanto em relação à laparoscopia (OR: 0,79), quanto à cirurgia aberta (OR: 0,25)
Menos complicações pós-operatórias em 30 dias, com redução de 10% vs laparoscopia e 44% vs cirurgia aberta
Redução no tempo de internação hospitalar: -0,5 dia (vs laparoscopia) e -1,85 dia (vs aberta)
Menor mortalidade em 30 dias, inclusive em comparação com as outras abordagens
Tempo operatório: um contraponto esperado
Apesar de apresentar tempo cirúrgico mais longo (+17,7 minutos vs laparoscopia e +40,9 minutos vs aberta), a cirurgia robótica não teve impacto negativo nos demais desfechos. Ao contrário: o aumento do tempo foi compensado por menores taxas de complicações e melhor recuperação pós-operatória.
Conclusão
A cirurgia robótica, especialmente em procedimentos realizados em cavidades profundas e de difícil acesso, como pelve e retroperitônio, vem se consolidando como a via mais segura e eficiente para pacientes oncológicos. Os dados robustos do COMPARE Study reforçam a importância de investir em treinamento, estrutura e incorporação tecnológica baseada em evidências.